Brasil Futuro: As formas da democracia

A beleza da democracia está na sua incompletude. A beleza e o desafio. Beleza, pois o termo carrega sua própria utopia: é sempre necessário ousar mais e estar a postos para lidar com novos direitos e demandas vindas da sociedade. Incompletude, pois direitos nunca estão conquistados para sempre. É preciso conquistá-los uma vez mais. Começar outra vez.

Maria Helena - Diretora do Museu

No Brasil, a questão da conquista dos direitos civis, da igualdade e da diversidade, bem como o estabelecimento de políticas da reparação são ainda desafios urgentes da nossa agenda cidadã.

Essa exposição pretende, pois, a partir das obras de artistas de diferentes gerações, raças, gêneros e regiões do país, colocar em disputa esse campo marcado por encontros e desencontros.

Organizada originalmente a partir de três núcleos - retomar símbolos, descolonizar, somos nós -Brasil futuro: as formas da democracia, traz trabalhos que desafiam formal historicamente, e em seu conjunto, os limites da nossa democracia - nosso projeto de presente e sonho de futuro.

Nessa edição, celebramos, também, mais uma data festiva: o bicentenário da independência da Bahia, comemorado no dia 2 de julho. O episódio há de ser lembrado em todo o Brasil, uma vez que diz respeito a um processo de emancipação política muito mais amplo, inclusivo e diverso.

Por conta do diálogo e da pesquisa com as obras, artistas e acervos da Bahia, realizada em várias instituições e coleções, nessa versão de Brasil futuro as formas da democracia incluímos um novo núcleo: Tudo é dádiva. Ele é o resultado do frutífero e generoso diálogo que tivemos com uma série de profissionais dos Museus da Bahia, a quem agradecemos. Também contamos com novos curadores para essa edição, representados pelo Acervo da Laje e o Zumvi.

Salvador, 14 de julho de 2023

Espaço fechado à visitação presencial.

Obras selecionadas

Retomar Símbolos
Retomar Símbolos

Retomar Símbolos

Todo país se imagina a partir de uma serie de símbolos e emblemas - como a bandeira, o hino, as armas e os selos nacionais - que costumam aglutinar, na base da emoção, um passado comum e uma utopia no tempo presente. Por isso, eles dizem respeito à sociedade como um todo e não podem se sequestrados por um grupo ou setor.

É na sua união mas também na sua diversidade que tais representações patrióticas ganham sentido e amplitude

Nesse núcleo apresentamos releituras da bandeira nacional, símbolo máximo da nacionalidade, a partir da experiência de diferentes grupos, que coletivamente refazem suas identidades a partir de elementos e representações comuns.

A experiência democrática carrega um ideal de extensão da cidadania cuja ênfase recai sobre o direito de participar e opinar. Essa é uma espécie de franquia da cidadania que precisa se orientar sempre pelo critério de inclusão

DESCOLONIZAR
DESCOLONIZAR

DESCOLONIZAR

Durante muito tempo a história brasileira foi contada a partir de uma única experiência europeia, masculina e colonial.

Nesse núcleo, os temas da diversidade e da democracia aparecem expressos a partir da experiência de artistas provenientes de diferentes formações, raças, gerações, regiões, gêneros e sexos. A política tradicional é igualmente questionada, tendo em mente diferentes momentos do passado autoritário do país. Se não restam dúvidas acerca da importância da imigração europeia e de seu papel central na formação do país, é preciso também tratar dos muitos silêncios da nossa narrativa nacional. Lembrar de não esquecer.

SOMOS NÓS
SOMOS NÓS

SOMOS NÓS

É na diversidade que reside a riqueza do Brasil. No entanto, o país ainda luta com uma desigualdade estrutural e com uma democracia que acomoda secularmente persistente exclusão social. Esse núcleo apresenta um retrato plural e vivo desse país, que precisa de um novo pacto pela democracia - conhecida como um regime que se pauta na capacidade de se autogovernar entre iguais. Que o poder do povo seja soberano e que a democracia reine como um modo de vida e uma forma de estar em sociedade.

TUDO É DÁDIVA
TUDO É DÁDIVA

TUDO É DÁDIVA

Dádiva implica o ato de dar, receber e retribuir. Esse é o universo rico, complexo, conflitivo, esperançoso que apresentamos nesse núcleo. Ele é feito da tensão entre diferentes símbolos, ícones e objetos de culto; expressos nos mais diferentes ritos, crenças e religiões do país Pois, afinal, tudo é (mesmo) dádiva.