A Imaginária de Marfim
As fontes materiais do marfim - as presas do elefante, leão marinho, cachalote, hipopótamo, narval e chifre do rinoceronte têm sido utilizadas pelo homem, desde tempos remotos, na fabricação de objetos de arte.
A partir da Idade Média, o marfim foi utilizado em quase toda a Europa, não firmando tradição nesse período entre os portugueses, que só tomaram consciência da contribuição deste material às artes plásticas através dos artesãos africanos e hindus, nos séculos XV e XVI.
Desprezadas na Renascença, as esculturas em marfim foram retomadas pelos artistas barrocos, sobretudo na Península Ibérica, especialmente aquelas destinadas ao culto religioso. Copiadas de modelos europeus por artesãos da Índia e do Ceilão, estas peças revelam no tratamento toda uma simbologia ainda presa a cânones orientais de representação.
Essas preciosas esculturas inundaram o Brasil nos séculos XVII e XVIII, representando principalmente o Cristo, o Bom Pastor e as Madonas. Pelas suas pequenas dimensões, reinaram em ambientes domésticos e religiosos, em nichos e oratórios.
A Bahia do Setecentos foi o grande pólo das esculturas brasileiras utilizando o marfim, empregado parcialmente em pés, mãos e rostos de imagens religiosas executadas em madeira