Sala Manuel Inácio da Costa - Neoclássico

Esta sala exalta a figura de um dos maiores escultores baianos do século XVIII, Manoel Inácio da Costa. Seu período de atividade profissional abrange as duas décadas finais do século XVIII e toda a primeira metade do século XIX.

Maria Helena - Diretora do Museu

O espaço é dedicado em grande parte às imagens de roca ou de vestir. As imagens de roca foram cultuadas no Brasil a partir do século XVIII, tornando-se populares em cortejos religiosos com o objetivo de sensibilizar os fiéis. Expressam forte realismo quando são utilizados olhos de vidro, perucas, lágrimas de cristal e ainda osso ou marfim para representar os dentes e unhas.

Compõem também esta sala, algumas representações iconográficas que apresentam episódios da Paixão de Cristo, com esculturas que destacam a dor e o sofrimento de Jesus durante o seu martírio e morte.

IMAGENS DE ROCA E DE VESTIR

Cheias de fervor religioso, as procissões que encenam os Passos da Paixão são revestidas de um sentido todo especial para os cristãos, simbolizando um momento de profunda religiosidade e devoção popular.

Essas cerimônias se destacam pela utilização de esculturas em tamanho natural com articulações móveis, que possibilitam expressões e gestos semelhantes aos humanos. Dessa forma, as cenas revividas nas procissões são transmitidas ao público com grande realismo e dramaticidade.

Algumas imagens são esculpidas de forma simplificada para que sejam cobertas com vestes de tecido. Nos séculos XVIII e XIX, sua ornamentação incluía sedas, veludos, brocados bordados com fios de ouro ou prata, além de joias e pedras preciosas. Materiais humanos, como cabelo, também eram utilizados para a confecção de perucas e cílios, dando um aspecto ainda mais semelhante ao da figura humana. Essas representações são denominadas Imagens de "Roca" e de "Vestir".

Outros materiais "extra-escultóricos" estão presentes nesta categoria de imaginária, como: o vidro e o cristal, utilizados na representação dos olhos e lágrimas; o nácar, o marfim e a madrepérola para unhas das mãos e pés; e o couro policromado, para representar feridas e chagas, além de dar acabamento às articulações.

Na Espanha, o costume de vestir imagens da Virgem já era comum no século XIII, tendo se intensificado no século XVI. No Brasil, as imagens de "Roca" e de "Vestir" tiveram destaque a partir do século XVIII, quando seu uso tornou-se popular em cortejos religiosos, com o objetivo de sensibilizar os fiéis, atendendo às normas do Concilio de Trento.

Obras selecionadas

Senhor morto
Senhor morto

Senhor morto

Imagem do Senhor Morto que tanto poderia ser utilizada deitada, como pregada na cruz. Possui nos ombros um tratamento parcial em couro, possibilitando a articulação dos braços.

Madeira policromada / Século XIX
Acervo – Irmandade do Santíssimo Sacramento Nossa Senhora da Conceição da Praia

Senhor da Coluna / Senhor da Pedra Fria
Senhor da Coluna / Senhor da Pedra Fria

Senhor da Coluna / Senhor da Pedra Fria

Imagens que representam Cristo no momento da sua flagelação, quando é despido, atado a uma coluna e açoitado por algozes. Essas representações foram muito difundidas na arte religiosa cristã e ganham maior dramaticidade no período barroco, quando o sofrimento do Cristo ensanguentado servia como exemplo de valorização da penitência e piedade.

Madeira policromada – Século XVIII
Coleção: Arquidiocese de Salvador

Nossa Senhora da Fé
Nossa Senhora da Fé

Nossa Senhora da Fé

Uma das representações de Nossa Senhora. Nesta imagem, a virgem está sobre o globo celeste aonde estão sobrepostos querubins e anjos. Um deles usa venda nos olhos, simbolizando a fé; outro apresenta um livro aberto representando o Evangelho e o terceiro usa a tiara papal, representação da Igreja.

Madeira dourada e policromada / Séc. XVIII
Acervo - Catedral Basílica do Salvador

Premonição da paixão
Premonição da paixão

Premonição da paixão

Nesta representação a figura de Jesus criança, adormecido sobre a cruz, simboliza seu futuro de sacrifício, dor e resignação

Barro cozido e policromado / Século – XVIII
Acervo – Museu de Arte Sacra da UFBA