Escada construída durante a reforma do Solar do Unhão no período de 1960 a 1963. As madeiras, nativas do recôncavo baiano, chegavam através de saveiros que atracavam no próprio Solar do Unhão.
A escada do MAM da Bahia, desenhada por Lina, virou um marco da arquitetura brasileira.
A escada representa a união do tradicional com o moderno, em um elemento que é funcional e simbólico ao mesmo tempo. “A escada se mostra contemporânea em seu desenho, mas se harmoniza com os elementos de outras épocas presentes no edifício; e simultaneamente remete ao tradicional, pelo uso da madeira e pelo sistema de encaixes copiado dos carros de boi.” A escada helicoidal é e materializa tanto o conceito do MAP (Museu de Arte Popular), quanto a teoria de restauro da arquiteta, que evitava distinguir ou hierarquizar ‘parte histórica e parte moderna’.”
Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, nasceu em 1914 em Roma, Itália e faleceu em 1992 em São Paulo. Arquiteta modernista ítalo-brasileira, naturalizada no Brasil após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se uma das mais importantes arquitetas do país, conhecida por projetos como o complexo cultural Sesc Pompéia e o Museu de Arte-MASP em São Paulo e o Museu de Arte Moderna de Salvador.
No final dos anos 1950, vai para Salvador e dá início a uma temporada na Bahia, quando dirigiu o Museu de Arte Moderna e fez o projeto de recuperação do Solar do Unhão. Dona Lina, como os baianos a chamavam, permaneceu em Salvador até 1964. Desenvolveu imensa admiração pela cultura popular, montando uma coleção de arte popular base de criação do Museu de Arte Popular e sua produção adquire sempre uma dimensão de diálogo entre o Moderno e o Popular. Esteve em Salvador ainda na década de 80, período de redemocratização do país, quando elaborou projetos de restauração no centro histórico de Salvador. Nesta ocasião, realizou os projetos da Casa do Benin e do Restaurante Coati na Ladeira da Misericórdia entre outros.
Recebeu – in memoriam – o Leão de Ouro Especial pela trajetória e conjunto de sua obra durante a 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, 2021.
Referência internacional e vários dos seus temas e posições tornaram-se pauta do debate sobre cultura, patrimônio histórico e produção material da arquitetura e dos objetos.