Museu do Parque Histórico Castro Alves

O museu é uma replica da casa original da antiga Fazenda Cabaceiras, onde nasceu o Poeta. Seu acervo é formado por objetos que pertenceram a Castro Alves e aos seus familiares, tais como: fotografias, cartões-postais, manuscritos, livros, indumentárias, adornos pessoais, utensílios domésticos, artes visuais e uma coleção de pinturas de artistas contemporâneos, com temas em homenagem ao Poeta. Destacam-se os poemas manuscritos do poeta e a cômoda-papeleira usada por Castro Alves.

Maria Helena - Diretora do Museu

O Museu do PHCA está dividido em quatro salas. A primeira sala, Origem e trajetória da família do poeta. Na segunda Castro Alves suas conquistas, Glória e dor. Na terceira Castro Alves e seus amores. Na quarta e última sala homenagens ao Poeta.

Acesse o tour virtual

Obras selecionadas

Pouso de Adelaide
Pouso de Adelaide

Pouso de Adelaide

O Pouso de Adelaide é um caramanchão construído nos jardins do Parque Histórico Castro Alves para homenagear a Irmã predileta do Poeta, Adelaide de Castro Alves Guimarães. Nasceu a 22 de março de 1854, em Salvador, Bahia, era amante das artes, especialmente da música, do desenho e da poesia, tendo publicado um livro com seus poemas. Era a irmã preferida de Castro Alves, que a chamava carinhosamente de Sinhá, e para quem escreveu o poema '' A minha irmã Adelaide ''. Ao longo de sua vida, preocupou-se em cultuar a memória do irmão, cuidando de sua obra.

Casou-se com o jornalista Augusto Álvares Guimarães, em 1873, amigo íntimo do poeta. Morreu em 21 de setembro de 1940, no Rio de Janeiro, com quase 90 anos.

A MINHA IRMÃ ADELAIDE

QUANDO SOZINHO e triste... em horas de amargura,
Tu sentes de meu seio a tempestade escura
As asas encurvar, no fúnebre oceano!...
Quando a esponja de fel embebe-me a lembrança!...
... Levantas-te de leve, ó límpida criança!...
E deixas tuas mãos correrem no piano...

— Tu’alma — terna e meiga inclina-se inquieta
No abismo funeral das mágoas do poeta,
E sonda aquele pego... e rasga aquele arcano!
Após... Nesse arquejar da vida, que me pesa,
Ouço... longe, uma voz que no infinito reza! ...
Na terra um soluçar choroso... É teu piano!

Quando no desviver das horas de atonia,
Das noites tropicais na morna calmaria,
Da mocidade o canto arrojo ao vento — insano...
E, perto de morrer, o amor anseio ainda!...
Que mulher me soletra essa harmonia infinda?
... É tua mão qu’empresta um’alma ao teu piano...

E enquanto a flor rebenta à face da lagoa
E a lua vagabunda o céu percorre à toa,
Mirando na corrente o seio leviano;...
Inda a terra m’inspira um sonho de ternura!...
... O gênio da desgraça, o gênio da loucura,
Tu sabes, qual Davi, curar no teu piano.

Criança! Que não vês como é sublime e santo
Fazer irmãos no amor e cúmplices no pranto
Mozart, o homem do Norte, e Verdi, o Italiano!
Despertar ao relento o idílio de Bellini!
Fazer dançar Sevilha, ao toque de Rossini...
E o bolero estalar... nas teclas do piano!

Ai! toca! No meu ser acorda ainda um estro
À voz de Gottschalck — o esplêndido maestro —
Aos lampejos de luz — do Moço Paulistano —
Ai!... toca!... Enche de sons o derradeiro dia
Daquele que só tem... por sonho — uma harmonia!
Por única riqueza... a ti... e ao teu piano!

Salvador, 29 de maio de 1871

Trilha da fonte e a Cruz na Estrada
Trilha da fonte e a Cruz na Estrada

Trilha da fonte e a Cruz na Estrada

Trilha ecológica que nos leva ao marco onde encontramos um dos poemas de Castro Alves, "A Cruz da Estrada" e as nascentes do Parque Histórico, uma fonte de água doce e um riacho que deságua no Rio Paraguaçu.

Existe o costume de se colocar uma cruz para marcar o local onde alguém faleceu. Castro Alves aproveitou o costume para escrever mais um poema em que denúncia o sofrimento causado pela escravidão.

A CRUZ DA ESTRADA. O Poema de Castro Alves, fala de um escravizado que encontra a liberdade na morte. O poema descreve a sepultura a beira da estrada, um escravizado acolhido por Deus na plenitude da natureza. O Poeta pede que o "Caminheiro" deixe o costume de jogar um ramo de alecrim na Cruz que marca a sepultura, para não incomodar aquele que ali descansa. Aquele que "Há pouco a liberdade o desposou".

A cruz da estrada

Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.

É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.

Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.

Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.

Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.

Castro Alves, Recife, 22 de junho de 1865

Marco da fazenda
Marco da fazenda

Marco da fazenda

Marco que indica a entrada da antiga casa onde nasceu o poeta Castro Alves.

Marco com o texto de Edvaldo Machado Boaventura
Marco com o texto de Edvaldo Machado Boaventura

Marco com o texto de Edvaldo Machado Boaventura

Para que o frequentem em bandos os alunos dos colégios;
Para que o visitem em linha de turismo os forasteiros à cata da tradição e do pitoresco;
Para que o preservem as gerações e o Governo o defenda como por lei obrigado a defender o patrimônio cívico do povo!