Em diversas sociedades africanas vigora o princípio da ancianidade, em que os mais velhos devem ser respeitados pela sua sabedoria e experiência Depois da morte, um ancião se torna um ancestral e frequentemente é homenageado através de rituais e celebrações em que as máscaras têm papel principal. No momento da dança das máscaras a pessoa que a usa deixa de ser ela mesma para se tornar um veículo de comunicação com as entidades do mundo espiritual (divindades ou ancestrais). Nesta sala estão expostas máscaras e objetos (de diversas sociedades) ligados aos cultos de ancestralidade, destacando duas produções dos iorubás que influenciaram a cultura baiana.
As máscaras gueledés são usadas pelos membros de uma instituição tradicional dos iorubás para cultuar de forma coletiva o poder ancestral feminino. Elas são compostas por uma parte em madeira esculpida na forma de uma cabeça humana ou de animal. A essa parte de madeira, que fica na cabeça como um capacete, geralmente fixa-se um prolongamento feito com fibras vegetais, tecidos ou roupas.
Elas são usadas para aplacar a ira das geniosas lyamis, que são entidades muito poderosas ligadas à fartura nos campos e à fertilidade das mulheres. Nessa cerimônia, ao som de atabaques e cânticos, os dançarinos paramentados, adornados com joias e outros acessórios como esculturas de seios e ventre protuberantes de madeira, e executando movimentos femininos com o quadril, saem em procissão pelas ruas da cidade. Assim, eles abstem-se simbolicamente de sua masculinidade para divertir, mimar e prestar homenagem às lyamis e garantir que elas não fiquem encolerizadas. Desse modo, mantêm-se a saúde, a fertilidade e a prosperidade da comunidade. Na Bahia, ainda restam algumas máscaras gueledés, como as do Instituto Geográfico e Histórico, que documentam a vinda dessa religiosidade para os antigos terreiros de Salvador. A tradição oral relata que Maria Júlia Figueiredo, do terreiro da Casa Branca, rainha do título de lyalode-Erelú que, na África, é conferido à dirigente da Associação Gueledé.
As máscaras que representam ancestrais masculinos ilustres (Eguns) são usadas pelos iorubás em uma instituição tradicional chamada Egungun. Essas máscaras, quando se apresentam à comunidade, vestem roupas de tecido bastante adornado e emitem sons guturais que são traduzidos aos espectadores da cerimônia por um intérprete. Quando as roupas estão em movimento é como se houvesse a reencarnação momentânea de um parente distante que vem à Terra para socorrer, resolver problemas, dar conselhos e punir os vivos. Os Eguns mais antigos, chamados de Agba Egun, recebem na África outros elementos materiais, como uma escultura em madeira por cima das roupas, semelhante as que são exibidas nesta seção. O culto aos Eguns é um rico legado dos povos iorubás à cultura afro-baiana. Na ilha de Itaparica (BA), desenvolveram-se antigos terreiros dedicados ao culto aos Eguns fundados por sacerdotes africanos.
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